4.3.10

BANQUEIROS E BANCÁRIOS

Hoje é nítida uma nova camada social em Portugal. Não detêm os meios de produção e no fundo são assalariados mas têm tudo a ver com a classe dominante capitalista e nada com os trabalhadores.

Há poucos dias dizia Artur Santos Silva, presidente do BPI, que tem menos do que 0,1% das acções do banco. Portanto, tecnicamente, é um bancário e não um banqueiro, como outros da praça.

Acontece é que se trata de todo um grupo social composto por administradores e directores de primeira linha que, na banca e nas outras grandes empresas, se identificam e servem totalmente os accionistas dos quais dependem. Apesar de o não serem, têm uma actuação de patrões e assumem o poder, muitas vezes com maior arrogância do que os capitalistas que servem.

E fazem-se pagar principescamente. Acima do que se pratica na Europa realmente desenvolvida.

Isto compreende-se melhor se formos às origens.

Em Portugal começou (com esta dimensão) quando das desnacionalizações da banca. Alguns dos últimos gestores dos bancos nacionalizados, incluindo presidentes, prepararam a entrega dos mesmos aos privados ( por tuta e meia) e continuaram depois a geri-los para os novos patrões.

Nestas condições, as equipas de gestão começaram a ganhar o que queriam.

Depois o movimento alastrou às grandes empresas públicas e privadas e hoje mantém-se porque os gestores, intimamente ligados aos partidos do poder, continuam a proporcionar grandes lucros e mais-valias aos patrões accionistas.

Estas remunerações não têm nada a ver com o mérito que alguns gestores, e só alguns, possam ter. Estão muito acima disso. Não têm correspondência com o trabalho prestado nem com os resultados alcançados. São uma fraude.

A solução não é difícil e é fornecida pela progressividade dos impostos - acima de um montante razoável, imposto de 100% . Acabava logo o regabofe.

É óbvio que a tributação de 50%, só para prémios e só para bancos, não passa de demagogia para iludir o pagode.