Há 50 anos estava numa aula de inglês, no BTA, pela hora do almoço. Ouvi os aviões e percebi que era importante face à realidade da época. Fui para a sede do PCP na rua António Serpa. Havia muita gente na rua e os dirigentes do PCP saíram. Juntei-me ao Pedro Soares com quem então trabalhava e, com mais dois camaradas, partimos num carro para a zona oriental de Lisboa. Junto ao então Ralis, um regimento que tinha sido atacado pelos aviões e por várias companhias de paraquedistas. Os paraquedistas não chegaram a atacar tendo ficado por um diálogo muito emotivo. Subi a pé uma ravina e fui perguntar aos populares que se encontravam à porta do RALIS como estavam as coisas. Disseram-me que estava tudo calmo e que os paraquedistas tinham ido para o aeroporto. O Pedro Soares mandou logo seguir para o aeroporto.
Na época, a frente do aeroporto tinha um teto pouco alto onde se encontravam paraquedistas armados. Também havia um porteiro fardado que facilmente nos facultou a entrada. Percorremos um corredor, perguntámos onde estavam os paraquedistas Na zona de segurança de embarque, um oficial da Guarda Fiscal fez a continência e informou que os comandantes dos paraquedistas se encontravam lá dentro nas instalações julgo que da Guarda Fiscal. Solicitado para que os fosse chamar partiu logo e regressou com os comandantes - 3 Capitães e um Major se não me falha a memória. O Pedro Soares fez-lhes algumas perguntas a que eles responderam gaguejando um pouco. Surgiu então um Alferes paraquedista em grande corrida pelo corredor até nós e disse-nos: já vi que tomaram o aeroporto mas nós no COPCON estamos preocupados com o que vocês tomaram mais.
Soubemos assim que tínhamos tomado o aeroporto...