2.9.09

CRÓNICAS DO CHÁ ( VII )


UM JAVALI NA CAMA

Tínhamos estado na cantina à saída do Chá Madal.

A beber cervejas Laurentina e a comer ovos cozidos. Muitas e muitos.

No regresso, o jipe teve um encontro, pouco amigável, com um javali.

Protegido pela forte couraça, o bicho ficou atordoado mas vivo.

Dava grandes saltos e corria pelo chá.

Foi uma pequena tourada nocturna.

Terminada com um tiro de pistola bem junto à cabeça.

Prenda para o nosso furriel vagomestre, que tratava dos abastecimentos e do rancho.

Por acaso, outro furriel respondia pelas comunicações, outro pelas viaturas, outro ainda pela saúde (parece que tínhamos direito a um médico mas eles ficaram todos juntos e confortáveis na sede do batalhão). Os outros furriéis, uns 8, asseguravam o trabalho operacional - patrulhas, destacamentos, escoltas e o mais que aparecesse. No Chá zambeziano e arredores, como anteriormente a norte, no planalto de Mueda.

Só havia um oficial do quadro e dois milicianos o que dava à justa para as relações públicas.

Os sargentos do quadro, com uma excepção, descobriram, logo à chegada, a vocação administrativa e ingressaram na secretaria.

Se calhar foi a guerra dos furriéis milicianos. Adiante.

Chegados a casa, pegámos cada um em sua pata do javali e, no silêncio da noite, cuidadosamente, introduzimos o bicho na cama do vagomestre.

O berro ressoa, até hoje, nas colinas do chá.

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