
UM JAVALI NA CAMA
Tínhamos estado na cantina à saída do Chá Madal.
A beber cervejas Laurentina e a comer ovos cozidos. Muitas e muitos.
No regresso, o jipe teve um encontro, pouco amigável, com um javali.
Protegido pela forte couraça, o bicho ficou atordoado mas vivo.
Dava grandes saltos e corria pelo chá.
Foi uma pequena tourada nocturna.
Terminada com um tiro de pistola bem junto à cabeça.
Prenda para o nosso furriel vagomestre, que tratava dos abastecimentos e do rancho.
Por acaso, outro furriel respondia pelas comunicações, outro pelas viaturas, outro ainda pela saúde (parece que tínhamos direito a um médico mas eles ficaram todos juntos e confortáveis na sede do batalhão). Os outros furriéis, uns 8, asseguravam o trabalho operacional - patrulhas, destacamentos, escoltas e o mais que aparecesse. No Chá zambeziano e arredores, como anteriormente a norte, no planalto de Mueda.
Só havia um oficial do quadro e dois milicianos o que dava à justa para as relações públicas.
Os sargentos do quadro, com uma excepção, descobriram, logo à chegada, a vocação administrativa e ingressaram na secretaria.
Se calhar foi a guerra dos furriéis milicianos. Adiante.
Chegados a casa, pegámos cada um em sua pata do javali e, no silêncio da noite, cuidadosamente, introduzimos o bicho na cama do vagomestre.
O berro ressoa, até hoje, nas colinas do chá.
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