3.9.09

CRÓNICAS DO CHÁ ( VIII )


A BARRAGEM

O Chá Madal tinha uma barragem com uma pequena hidro-eléctrica que servia a plantação e a fábrica.

Meia dúzia de soldados e o inevitável furriel montavam guarda permanente. Que serviria de pouco se houvesse acção hostil. Enfiados num buraco sem visibilidade, sem protecção, mal armados, seríamos um alvo fácil.

Vivia-se mal, numa pequena casa sem condições, bem junto ao sopé da enorme encosta, quase vertical, por onde desciam os canos da água.
Já tinha sido uma bonita cascata.

Também se comia mal é claro. Valia a esperteza dos camponeses-soldados que sempre descobriam alguma novidade.

Com uns tiros de espingarda nos pequenos pegos do regato "pescavam-se" uns peixitos miúdos para uma fritada.

Com paciência e pontaria "caçavam-se" uns pássaros para um arroz.

E não se fazia mais nada.

A não ser, sonhar com os churrascos de porco ou de galinha regados exclusivamente com whisky, oferta da casa ( Madal).

Guardava-se a água e sonhava-se com o whisky. Passava mais uma semana.

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