27.10.09

CRÓNICA DE UM BANQUEIRO ( l )


Os papéis da velha

Filho do colega da ourivesaria, Jorginho era conhecido e estimado pelos comerciantes da baixa de Lisboa. Ainda hoje os mais velhos o recordam e gostam de contar a história do início da sua carreira de banqueiro.

Jovem e promissor, Jorginho ingressou cedo na banca e acertou logo no alvo - o balcão de títulos do Banco Espírito Santo.

A primeira oportunidade surgiu quando a viúva de um capitalista, velha conhecida dos comerciantes da baixa, chegou ao banco com um grande pacote de títulos antigos, presumivelmente desvalorizados.

Que sim e pois, devia estar quase tudo caducado, o jovem bancário pediu alguns dias à cliente para analisar os títulos e tentar salvar o que fosse possível.

No prazo combinado tudo estava tratado, a velha senhora recebeu, agradecida, um cheque modesto, e o futuro banqueiro entrou no clube dos bem-aventurados.

Durante muito tempo, quando passava na baixa, Jorge de Brito ouvia da porta das lojas:
Oh Jorginho olha a velha! Oh Jorginho olha os papéis da velha!

Nenhum comentário: