2.5.10

AMIGOS - O HOMEM DO CASAL VENTOSO

Vivia no Casal Ventoso e dava-se muito bem no bairro. Aceitava as pessoas como elas eram e tinha imensos amigos. Dirigente do clube Andorinha, estava sempre a organizar coisas que ou começavam ou acabavam num petisco e num copo. Muitas vezes o programa até era apenas esse. Mostrou-me o bairro e explicou-me que os drogados e os dealers faziam parte da paisagem e alguns, sim senhor, eram de lá, como havia ratoneiros e demais banditagem mas a maioria esmagadora dos habitantes eram bate-chapas e carpinteiros, criadas e peixeiras - um bairro operário muito modesto e cheio de carências além da má fama. Ajudou-me muito quando estivemos juntos nas lides sindicais. Quando me via muito chateado ia ter comigo e, à saída, bebíamos um copo e comíamos um pastel de bacalhau ali pela baixa. Adorava ver as montras de ferramentas e explicava-me o jeitão que aquelas coisas davam para isto e para aquilo. No trabalho era competente e modestíssimo como em tudo o mais. E tinha uma particularidade. Depois do almoço adormecia 5 minutos frente ao computador. Mas com o dedo na tecla certa. Se o chefe se aproximava para o confrontar, não tinha sorte nenhuma - ele pressentia a aproximação, premia a tecla e o trabalho avançava imediatamente e certíssimo. Até sempre, amigo e camarada António Almeida.

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