
Cristóvão R. é um bom amigo e um excelente presidente associativo.
Culto e grande leitor, é dono de uma respeitável biblioteca e gosta de emprestar livros porque acha que eles foram feitos para ser lidos - quanto mais, melhor.
Agora é fácil guardar e emprestar livros, mas nem sempre foi assim.
Os jovens devem achar estranho, mas, antes de 25 de Abril de 1974, havia muitos livros proibidos, edições inteiras eram apreendidas pela pide, e por arrasto iam muitos outros livros sem interesse político, apenas para castigar e prejudicar. Os livreiros escondiam o que podiam debaixo do balcão para os clientes certos. Nas casas particulares, as rusgas da pide também se dirigiam aos livros que serviam para incriminar os proprietários.
Era o tempo em que os livros do Karl Marx apareciam sob o nome de Carlos Marques e os de Lenine como V. Ilitch.
Tudo isto para explicar porque era importante e necessário esconder os livros proibidos para depois os por a circular.
Ora a família do Cristóvão R. explorava uma quinta no local onde hoje estão as Torres de Lisboa, à Estrada da Luz, e ele aproveitou a vacaria e a respectiva palha para esconder as edições perigosas de um conhecido e já falecido livreiro de Lisboa.
Por isso ele hoje diz que até as vacas tiveram oportunidade de ler os melhores livros da época.
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