15.11.09

AMIGOS - MEMÓRIA DE CARLOS GRILO ( I )

Simplesmente brilhante No banco ou no sindicato, as reuniões e assembleias eram preparadas com atenção. Discutiam-se os temas, as propostas, as intervenções. Indicavam-se os oradores. O Carlos Grilo, absorto, observava o tecto, puxava a barba. Mesmo interpelado directamente para se encarregar de uma intervenção, respondia no máximo com uma interjeição. Julgávamos que ele nem ouvia e portanto não ia falar. Mas, na assembleia ou reunião, no momento oportuno, o Grilo pedia a palavra e a intervenção saía límpida e convincente. Simplesmente brilhante. Haverá um ano, o Carlos veio almoçar comigo. Recebeu muitos telefonemas porque o sector pelo qual respondia estava a organizar uma reunião importante. Respondeu sempre de maneira muito clara e precisa. Terminou sempre com uma nota de bom humor, uma pequena gargalhada. Estava em grande forma. Voltámos a encontrar-nos nos corredores do Campo Pequeno, durante o último Congresso. Explicou-nos (éramos um pequeno grupo) que saía do C.C. porque era boa altura e porque havia que dar entrada a outros. Ele continuava disponível para tudo o que fosse preciso. Não nos falou de doenças. Estávamos contentes. Trocámos piadas. Ouvi, pela última vez, aquela gargalhada forte e rápida. Adeus, camarada.

Nenhum comentário: