
Para os que nasceram já na Liberdade conquistada, e para que percebam melhor os posts anteriores, transcrevo, da circular cujo cabeçalho acima reproduzo:
" DOIS CASOS DE TORTURA
Transcrevemos a seguir dois relatos das torturas sofridas por presos políticos na DGS (pide), durante o ano de 1971
.......
2. Daniel Isidro Figueiras Cabrita
" Isolamento: 76 dias em regime de isolamento, 70 dos quais completamente só.
Interrogatório: tortura do sono durante 22 dias sendo distribuídos 4-13-1-2-1-1 . No período
dos 13 dias deixaram-me dormir à 5ªnoite na própria sala dos interrogatórios.
Esta tortura provocou-me alucinações . Tortura de estátua - estive por tempo que sou incapaz
de determinar, embora julgue que não foi por muito tempo. Provocou-me grande inchaço nos
pés e "aparecimento das veias" por todo o corpo. Um dos sapatos rebentou. Fui agredido - uma bofetada e recebi ameaça de agressão com matraca (exibindo-a junto da minha cara), durante a tortura do sono, senti fortes perturbações na visão. Também neste período, porque me obrigaram a andar para não cair de sono, fui, a "dormir" contra uma das paredes da sala, provocando forte contusão no nariz com pequena hemorragia.
Visitas: concederam-me apenas, durante o período de isolamento, 1 visita semanal...
Perturbações físicas: após os interrogatórios: fortes manifestações reumáticas...
... atribuo o reumatismo à humidade da sala de interrogatórios aliada ao facto de me obrigarem aí a quase completa imobilidade por grandes períodos de tempo.
....por último, resta acrescentar que a minha detenção foi feita por 2 agentes da Pide, sem que me apresentassem mandato de captura, seguidamente, sem mandato, foi-me passada busca na minha residência... "
Daniel Cabrita era então presidente do Sindicato dos Bancários. Eleito em 12 de Março de 1968.
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