25.11.09

CRÓNICAS DE VIDA - SINDICALISMO E RESISTÊNCIA

Para os que nasceram já na Liberdade conquistada, e para que percebam melhor os posts anteriores, transcrevo, da circular cujo cabeçalho acima reproduzo: " DOIS CASOS DE TORTURA Transcrevemos a seguir dois relatos das torturas sofridas por presos políticos na DGS (pide), durante o ano de 1971 ....... 2. Daniel Isidro Figueiras Cabrita " Isolamento: 76 dias em regime de isolamento, 70 dos quais completamente só. Interrogatório: tortura do sono durante 22 dias sendo distribuídos 4-13-1-2-1-1 . No período dos 13 dias deixaram-me dormir à 5ªnoite na própria sala dos interrogatórios. Esta tortura provocou-me alucinações . Tortura de estátua - estive por tempo que sou incapaz de determinar, embora julgue que não foi por muito tempo. Provocou-me grande inchaço nos pés e "aparecimento das veias" por todo o corpo. Um dos sapatos rebentou. Fui agredido - uma bofetada e recebi ameaça de agressão com matraca (exibindo-a junto da minha cara), durante a tortura do sono, senti fortes perturbações na visão. Também neste período, porque me obrigaram a andar para não cair de sono, fui, a "dormir" contra uma das paredes da sala, provocando forte contusão no nariz com pequena hemorragia. Visitas: concederam-me apenas, durante o período de isolamento, 1 visita semanal... Perturbações físicas: após os interrogatórios: fortes manifestações reumáticas... ... atribuo o reumatismo à humidade da sala de interrogatórios aliada ao facto de me obrigarem aí a quase completa imobilidade por grandes períodos de tempo. ....por último, resta acrescentar que a minha detenção foi feita por 2 agentes da Pide, sem que me apresentassem mandato de captura, seguidamente, sem mandato, foi-me passada busca na minha residência... " Daniel Cabrita era então presidente do Sindicato dos Bancários. Eleito em 12 de Março de 1968.

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